O primeiro dever dos pais para com os filhos é o de se amarem um ao outro. Porque a primeira necessidade da criança é crescer num lar unido e encontrar o seu pai e a sua mãe unidos numa única vontade.
É por isso que o filho vem reforçar o amor entre os pais; por vezes, como já vimos, representa o seu único laço.
Pelo contrário, a maior desgraça que pode suceder a uma criança é ter pais que o disputam por se não entenderem, querendo cada um ganhá-lo para si. E a maior desgraça também é ter pais desavindos, permitindo um o que o outro proíbe, criticando um o que o outro diz, escondendo-se ambos um do outro.
A criança tem necessidade de encontrar nos seus pais uma unidade perfeita. Não é que não possa observar entre eles diferenças de carácter ou de gostos. Pode o pai gostar mais de compotas e a mãe de arroz doce sem que com isso comprometam a educação dos seus filhos, mas a criança deve encontrar neles o mais perfeito acordo nas grandes orientações da vida. Esse é o motivo por que a diferença de religião entre os esposos, já de si perigosa para um profundo entendimento, o é ainda mais para a educação dos filhos, porque as convicções religiosas impregnam a vida, e uma diferença nesta matéria dá origem, a todo o momento, a diferentes juízos de valor.
Para se desenvolver harmoniosamente, a criança deve viver numa atmosfera de afecto, porque são os sentimentos os que primeiramente actuam sobre o carácter e sobre as opiniões. Não é que as convicções sejam alheias aos valores intelectuais, mas as ideias só actuam depois de transpostas para o campo dos valores afectivos. Isto verifica-se com toda a humanidade. Constituem excepção, aqueles que sofrem a acção de uma ideia em estado puro, e é por esse motivo que muitas vezes se tem dito que os raciocínios nunca convenceram ninguém. Mas apenas nos referimos aos raciocínios puros, isto é, aos formulados em termos abstractos. O raciocínio tem poder sobre o espírito sempre que é formulado de modo a despertar o sentimento ao mesmo tempo que ilumina a inteligência, e nisso reside toda a arte da propaganda e da persuasão, em chegar a exprimir as ideias de maneira que levem a agir.
Porém, conquanto esta regra se aplique a toda a humanidade, tem mais razão de ser para a criança do que para o adulto. No começo da vida, a criança é sensível sob o ponto de vista fisiológico; é-o seguidamente sob o ponto de vista afectivo, e só mais tarde adquire a sensibilidade intelectual. É, pois, principalmente através da afectividade que ela formará as convicções e as atitudes de espírito que hão-de dominar toda a sua vida. São dignos de estima, a seus olhos, todos aqueles que os seus pais estimam; desprezíveis, todos os que eles desprezam; são nobres os sentimentos que os pais aprovam, inferiores os que eles condenam.
Desconheço o Autor
Era uma vez, uma jovem chamada Lin, que se casou e foi viver com o marido na casa da sogra. Depois de algum tempo, começou a ver que não se adaptava à sogra.
Os temperamentos eram muito diferentes e Lin cada vez se irritava mais com os hábitos e costumes da sogra, que criticava cada vez com mais insistência.
Com o passar dos meses, as coisas foram piorando, a ponto de a vida se tornar insuportável. No entanto, segundo as tradições antigas da China, a nora tem que estar sempre ao serviço da sogra e obedecer-lhe em tudo.
Mas Lin, não suportando por mais tempo a idéia de viver com a sogra, tomou a decisão de ir consultar um Mestre, velho amigo do seu pai.
Depois de ouvir a jovem, o Mestre Huang pegou num ramalhete de ervas medicinais e disse-lhe: "Para te livrares da tua sogra, não as deves usar de uma só vez, pois isso poderia causar suspeitas.
Vais misturá-las com a comida, pouco a pouco, dia após dia, e assim ela vai-se envenenando lentamente. Mas, para teres a certeza de que, quando ela morrer, ninguém suspeitará de ti, deverás ter muito cuidado em tratá-la sempre com muita amizade. Não discutas e ajuda-a a resolver os seus problemas."
Lin respondeu: "Obrigado, Mestre Huang, farei tudo o que me recomenda".
Lin ficou muito contente e voltou entusiasmada com o projecto de assassinar a sogra.
Durante várias semanas, Lin serviu, dia sim dia não, uma refeição preparada especialmente para a sogra. E tinha sempre presente a recomendação de Mestre Huang para evitar suspeitas: controlava o temperamento, obedecia à sogra em tudo e tratava-a como se fosse a sua própria mãe.
Passados seis meses, toda a família estava mudada. Lin controlava bem o seu temperamento e quase nunca se aborrecia. Durante estes meses, não teve uma única discussão com a sogra, que também se mostrava muito mais amável e mais fácil de tratar com ela.
As atitudes da sogra também mudaram e ambas passaram a tratar-se como mãe e filha. Certo dia, Lin foi procurar o Mestre Huang, para lhe pedir ajuda e disse-lhe: "Mestre, por favor, ajude-me a evitar que o veneno venha a matar a minha sogra.
É que ela transformou-se numa mulher agradável e gosto dela como se fosse a minha mãe. Não quero que ela morra por causa do veneno que lhe dou." Mestre Huang sorriu e abanou a cabeça: "Lin, não te preocupes. A tua sogra não mudou.
Quem mudou foste tu. As ervas, que te dei, são vitaminas para melhorar a saúde. O veneno estava nas suas atitudes, mas foi sendo substituído pelo amor e carinho que lhe começaste a dedicar. "
Na China, há um provérbio que diz: "A pessoa que ama os outros também será amada".
Os árabes têm outro que diz: "O nosso inimigo não é aquele que nos odeia, mas aquele que nós odiamos.”·
Há pessoas que lutam um dia e são boas,
há outras que lutam um ano e são melhores,
há aquelas que lutam muitos anos e são muito boas,
mas há pessoas que lutam a vida toda,
estas são imprescindíveis.
. MÃOS