Os dias dourados dos tempos de namoro do jovem casal, de forma alguma deixavam adivinhar o que o futuro lhes reservava. Os planos de felicidade feitos entre trocas de carinho e muita descontracção, davam mostra de amor recíproco. O tempo de noivado foi longo o suficiente para tratar dos detalhes da nova etapa de convívio a dois, do número de filhos que desejavam ter, dos objectivos da nova família que estava se formando. Depois do casamento veio a viagem de núpcias. Um tempo a sós. Muito diálogo regado a beijos e carícias. Os primeiros meses do casal em seu novo lar eram repletos de alegria e muitos planos e promessas de fidelidade e companheirismo. Os anos passaram e os compromissos profissionais de cada um começaram a impedir os diálogos, antes tão frequentes. Quando a esposa lembrava dos filhos planeados outrora, o marido dava desculpas e inventava motivos para que esperassem um pouco mais de tempo. Um dia ele alegava o custo de vida alto. "Como poderiam arcar com as despesas que um filho traria?", esquecido de que, se seus pais tivessem pensado assim, não teria nascido. Outra vez era a carreira profissional da esposa, que o nascimento de um filho viria atrapalhar. E assim foram passando os anos... O marido começou a chegar tarde da noite em casa, desculpando-se com a esposa, alegando excesso de trabalho... Ela sentia-se só, lembrava que os filhos poderiam lhe fazer companhia, mas as desculpas logo surgiam... Um dia, o marido sentiu um mal-estar e ela sugeriu que consultasse um médico. Ele aceitou. Regressou do consultório um tanto calado, dizendo à esposa que o médico havia solicitado vários exames. Desprezou a companhia da esposa quando foi levar ao médico os resultados. Com o passar dos dias estava cada vez mais calado, depressivo. A esposa, preocupada, queria saber o que estava acontecendo, mas ele dava respostas evasivas, dizendo que estava tudo bem... A enfermidade se agravou, ele foi internado às pressas... Os dias dourados de outros tempos, agora estavam cobertos com nuvens escuras e deprimentes... As esperanças e os planos caíam no vazio... ...Um dia, a terrível notícia até então não revelada à esposa dedicada: a doença do esposo era SIDA. Os olhos marejados de pranto não vislumbravam nada mais além... Via seus sonhos de felicidade se desfazendo, um a um... Os dias e noites ao lado do esposo agonizante, eram tristes e amargurados, mas ela não o abandonou... Por fim, numa manhã cinzenta ele deu o último suspiro e ela experimentou a amargura da viuvez precoce... As horas passavam como se fossem puxadas à força... A solidão, as lembranças, os sonhos soterrados... Um dia ela sentiu um mal-estar diferente, procurou um médico o qual lhe pediu vários exames... Em seguida, a resposta: recebera do marido a trágica herança... .................... A fidelidade é um tesouro muito desprezado nos dias actuais. E a infidelidade é um veneno que tem devastado lares e dilacerado corações. Se desejamos construir a nossa felicidade verdadeira, procuremos apoiá-la nos pilares indestrutíveis da fidelidade e da confiança mútua. |
O orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande mas não é sadio.
(Santo Agostinho)
Aplica a ti mesmo os conselhos que dás a outros.
(Thales de Mileto)
. NETOS