As nuvens mudam sempre de posição, mas são sempre nuvens no Céu. Assim devemos ser todos os dias, leais com o que pensamos e sonhamos; lembre-se, tudo se desmancha no ar, menos os pensamentos.
Paulo Baleki
O menino voltou-se para a mãe e perguntou:
- Os anjos existem mesmo?
Eu nunca vi nenhum.
Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.
- É uma boa ideia falou a mãe. Irei contigo.
- Mas andas muito devagar – disse o miúdo.
Tens um pé aleijado.
A mãe insistiu que o acompanharia.
Afinal, ela podia andar muito mais depressa do que ele pensava.
E lá foram.
O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo atrás.
De repente, uma carruagem apareceu na estrada.
Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos.
Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros.
As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis.
Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
- És um anjo?
Ela nem respondeu.
Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu, na poeira da estrada.
Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira.
Ele esfregou os olhos e tossiu bastante.
Então, chegou a sua mãe que limpou toda a poeira, com o seu avental de algodão azul.
- Ela não era um anjo, não é, mamã?
- Com certeza, que não. Mas um dia poderá tornar-se num, respondeu a mãe.
Mais adiante uma belíssima jovem, envergando um vestido branco, encontrou o menino.
Os seus olhos eram estrelas azuis e ele perguntou-lhe:
- És um anjo?
Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo.
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu o seu namorado chegando.
Mais do que depressa, colocou o garoto no chão.
Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu equilibrar-se bem nos pés e caiu.
- Olha como sujaste o meu vestido branco, seu monstrinho!
Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.
O menino ficou no chão, chorando, até que chegou a sua mãe que lhe enxugou as lágrimas com o seu avental de algodão azul.
Aquela moça, certamente, não era um anjo.
O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.
-Podes levar-me ao colo?
- É claro – disse a mãe. - Foi para isso que eu vim.
Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava.
Então o menino a abraçou com força e perguntou-lhe:
- Mãe, tu não és um anjo?
A mãe sorriu e falou mansinho:
--- Imagina, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu...
Também são "anjos", todos os que na Terra se tornam guardiães dos seus amores.
São mães, pais, filhos, irmãos, amigos que em muitas ocasiões renunciam a si próprios, às suas vidas em benefício dos que amam.
Às vezes, podem estar do nosso lado e não percebemos...
Procure o seu ANJO...
O que há por trás de cada ataque
se não o medo?
E, o que há por trás do medo
se não a falta de amor?
Não te enganes em tuas justificativas para os ataques que cometes contra ti mesmo
e contra os teus irmãos.
No fundo, apenas queres ser amado,
acariciado pelas mãos da vida...
Lembra que onde o coração descansa,
o amor ecoa a sua canção.
Lembra que a única realidade
que fica é o amor.
Tudo que está em oposição ao amor não tem significado, passa como os ventos antes das chuvas, como os dias antes das noites.
Portanto, procure não alimentar e nem dar realidade àquilo que tem por objectivo
obscurecer a tua luz, dando-te como consolo
a culpa, a escuridão, por teres ferido não
só ao teu irmão, mas a ti mesmo.
Alimenta o amor que tens dentro de ti, a tua alegria,
o teu silêncio de paz.
Mas, se não puderes controlar a fúria
em teu ser, silencia e observa.
Aprende que tamanha energia pode ser usada em prol do entendimento, da compreensão do teu momento presente e não usada, contra aquele que imaginas querer destruir a tua paz.
Não há no céu ou na terra alguém que tenha o poder de apagar o que desejas manter aceso.
E que esta chama seja a fidelidade à tua inocência, ao teu desejo de compartilhar com os teus
o que de melhor tens aprendido.
. NETOS